O Setor Público no Brasil é o responsável pela promoção do bem-estar social, lidando então com a produção, entrega e distribuição de bens e serviços públicos para a sociedade. Um estudo liderado pela Edelman Trust Barometer em 2020 revelou que a confiança da população brasileira no governo aumentou, alcançando o número de 65%. Para seguir este caminho de confiança, é necessário conectar a Gestão Pública com a vida das pessoas. Esse papel, pode ser desempenhado pela juventude que se insere cada dia mais nos espaços públicos de decisão.
Falar de juventude e Gestão Pública é tentar conectar pontos no tempo que parecem estar separados por um século de diferença. No entanto, a distância se encurta quando se observa a experiência já adquirida pelos servidores e o potencial da juventude. Com isso, se reúnem práticas convencionais de cada Instituição Administrativa com o potencial de criação presente no jovem que entra no Setor Público.
Em uma estrutura como a Administração Pública, os processos se tornam regra e os meios de execução são repetidos ao longo dos anos. A memória da administração colabora para que erros não se repitam. No entanto, a execução dos processos não pode ser um impeditivo para a realização das políticas públicas de qualidade para o cidadão, seja em qual instância ou organização for. Por isso, o debate, a democracia e a abertura a novas experiências são imprescindíveis dentro destas instituições.
Estudar e trabalhar na Gestão Pública é viver sempre em uma linha tênue entre a viabilidade técnica e a realidade política durante o planejamento e execução das ações governamentais.
Possivelmente, a execução exclusivamente técnica das políticas públicas seria realizada de modo a diagnosticar corretamente os problemas e implementar as melhores formas de atingir os benefícios esperados. Porém, nem sempre a política pública que é identificada como necessária pelos gestores é uma demanda real e prioritária por parte da população.
Dessa forma, dados bem estruturados e um canal de comunicação com o cidadão, tornam-se ferramentas imprescindíveis na discussão e implementação de qualquer solução para os problemas públicos.
O Setor Público reúne uma diversidade de campos de conhecimento, afinal, não se constroem avenidas ou se gerem postos de saúde sem conhecimentos específicos de engenharia e saúde pública. No entanto, é imperioso a presença de profissionais capacitados para reunir os diferentes campos de conhecimento e contribuir para a tomada de decisão, tendo em vista o interesse público.
Nesse sentido, os jovens que são formados em cursos do Campo de Públicas, como gestão pública, políticas públicas, administração pública, entre outros, podem contribuir para a construção de políticas públicas de melhor qualidade.
Esses discentes, ao ingressarem no Campo de Públicas, se debruçam sobre a estrutura do Estado e a construção social da humanidade. Além disso, são apresentados a uma estrutura de ensino multidisciplinar, conectando os campos de conhecimento para compreender os fatores que contribuem para as desigualdades, e desenvolver formas de mitigá-las.
No entanto, o Setor Público possui, em sua estrutura, barreiras erguidas ao longo do tempo, como a falta de análise técnica e planejamento em alguns setores, a deficiência de qualificação nos cargos técnicos e a escassez de recursos disponíveis.
Esse contexto cria uma demanda de ingresso nos cargos técnicos por pessoas qualificadas e que possam trazer um olhar intersetorial para contribuir com o conhecimento gerado nos governos. Ao mesmo tempo, essa mesma estrutura que cria a demanda, dificulta a entrada da juventude na Gestão Pública. Contudo, essa situação vem se modificando pela conexão construída a partir de organizações como a Vetor Brasil, Legisla Brasil e órgãos públicos que se utilizam da escolha de cargos da administração por critérios técnicos.
Esse crescente movimento, inspira e une estudantes com vontade de transformar a realidade do Serviço Público e a capacidade de liderar a execução de políticas públicas. Como consequência, há um aumento no ingresso de profissionais qualificados nesse mercado de trabalho e, com isso, a capacidade de desenvolver os territórios social e economicamente.
Ser jovem no Setor Público é um processo de aprendizado constante e o desafio de ultrapassar barreiras diárias. Em contrapartida, contribuir para que a população tenha acesso aos seus direitos e acredite nas Instituições Públicas, é uma motivação que ultrapassa quaisquer problemas.
Sendo assim, é possível vislumbrar um cenário de crescimento da profissionalização e da melhora do Serviço Público brasileiro. Essa melhora passa pela conexão entre os conhecimentos obtidos pelos servidores públicos e a presença do olhar intersetorial da juventude na Gestão Pública. Dessa forma, será possível aprimorar o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para o impacto econômico e social.
Gustavo Gomes, 24 anos, é da formação de gestão pública pela UFRJ, foi diretor de projetos da Ânima Pública, trabalhou na gestão pública municipal e trabalha na área de relações públicas e gestão de projetos.
Lidiane Pereira, 22 anos, é da formação de Gestão Pública na UFRJ, é co-fundadora do Projeto Manivela, atua na área de projetos tecnológicos para a Gestão Pública, e lidera a embaixada Politize! no Estado do Rio de Janeiro.
*Este artigo reflete a opinião dos autores e não as ideias ou opiniões da República.org.