Por Julia Sena
Uma das jovens lideranças na Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, Lucas Padilha, de 26 anos, é chefe de gabinete da instituição e acredita na capacitação de pessoas para mudar o olhar da população sobre a pauta ambiental. O tema é caro para todo o país. Em 2021, o Brasil registrou recordes de desmatamento, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Além do desmatamento, a poluição e a degradação do solo também são temas que preocupam autoridades ambientais do Rio de Janeiro, cidade considerada Patrimônio Mundial pela Unesco.
Os desafios ambientais na cidade são grandes e Padilha acredita que estimular os membros de sua equipe, a partir de metas definidas, e celebrar as pequenas vitórias são passos importantes para criar uma cultura motivacional. “O papel de um gestor é olhar para a Secretaria e entender o que cada um precisa para se sentir cada vez mais parte da gestão. Não é só uma questão de salário, sempre tem uma questão de visibilidade”, explica.
Atualmente, a Secretaria é responsável por 30% do território da cidade, trabalha com cerca de 200 pessoas e mais de 800 mutirantes. Os mutirantes são moradores de comunidades que participam de programas da instituição e recebem uma bolsa-auxílio. Os programas são: “Guardiões dos rios”, que realiza a limpeza de rios e canais de 24 comunidades da cidade; “Mutirão de Reflorestamento”, com plantação de mudas em morros e encostas; e “Hortas Cariocas”, que busca ampliar a segurança alimentar da população por meio da ocupação de terrenos ociosos em escolas e comunidades. Metade da produção das hortas é destinada a pessoas em situação de vulnerabilidade.
Além das iniciativas apresentadas, investir na capacitação de cidadãos por meio de cursos também é uma alternativa para fortalecer a pauta ambiental. Um dos cursos é o “Faça e Venda”, realizado por Regina Tchelly, chef de cozinha e idealizadora do projeto Favela Orgânica. O curso busca ensinar mulheres do programa “Hortas Cariocas” e demais mutirantes a aproveitar integralmente os alimentos, conquistando mais independência econômica e qualidade de vida para as famílias. Hoje, a maior horta da América Latina está localizada na comunidade de Manguinhos e deve perder o posto em breve para o Parque Madureira, pensado pela Secretaria como o espaço para abrigar uma horta ainda maior.
“O maior papel do gestor público no meio ambiente é deixar claro para os outros órgãos e para a sociedade civil que a pauta ambiental vai muito além da conservação. Hoje temos o dever de restaurar”, afirma Padilha. Seu trabalho, que passa pela coordenação, orientação e gestão de pessoas na Secretaria, busca também estimular os servidores para que pensem em soluções fora da caixa e apoiar o desenvolvimento de cada um deles.
O chefe de gabinete acredita que as políticas públicas, boas e ruins, têm um ciclo de vida e que mais importante do que fazer boas políticas é formar quadros. Para ele, formar quadros inclui criar novas lideranças e ajudar as pessoas a se desenvolverem, para assumirem projetos que respondam à população. Padilha diz que a excelência no setor público é importante, mas é preciso correr riscos para formar as pessoas. “Vale a pena assumir o risco de as pessoas não estarem prontas, mas continuar investindo nelas”, conclui.