Inspirado em exposição interativa, encontro contou com apoio do SESI Lab
Por Stella Tó Freitas
Profissionais públicos que se dedicam a pesquisar soluções para a gestão de pessoas na administração pública brasileira estiveram reunidos durante a mesa redonda “O Futuro do Servidor Público”, realizada na última quarta-feira (8), em Brasília (DF). Realizado pela República.org, o evento teve o apoio do SESI Lab.
O debate foi motivado pela exposição “O Futuro das Profissões”, que está em cartaz no museu interativo do SESI. A mostra destaca a informação de que 85% das profissões que vão existir em 2030 ainda não foram criadas (dados do think tank americano Institute for the Future).
Psicóloga e servidora pública integrante do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Luana Faria ressaltou que a chegada da tecnologia é sempre bem-vinda e que máquinas devem fazer o trabalho de “apertar botões”, enquanto os seres humanos devem ser motivados a qualificar suas competências.
“O que a gente precisa como servidor do futuro é olhar para nossas competências humanas, como comunicação, empatia e liderança. Esse é o futuro do setor público”, ressaltou a profissional, uma das vencedoras do Prêmio Espírito Público de 2021 no eixo setorial Gestão de Pessoas.
Brayam Rodrigues, consultor de inovação em Gestão de Pessoas, apresentou dados do Fórum Econômico Mundial e de diagnósticos do governo federal para defender que o futuro do serviço público passa pela aprendizagem.
“Um terço dos empregos do mundo, um bilhão de pessoas e 11,5 trilhões de dólares do PIB [Produto Interno Bruto] mundial estão ameaçados no cenário de crise de requalificação e dependem de como os governos irão priorizar e conduzir esforços para garantir aprendizagem para o mundo do trabalho até 2030. Se o futuro do serviço público depende do aprender, a estratégia para viabilizá-lo é um ecossistema de aprendizagem”, ressaltou Rodrigues.
Temas como assédio institucional, carreiras, concursos e diversidade também foram abordados durante o encontro. Para Carolina Oliveira, servidora do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), a segurança no cargo é fundamental para que a população possa receber serviços públicos de qualidade.
“Quando uma instituição está sendo assediada, é muito difícil ter confiança na pessoa do lado. E, fazendo qualquer projeto sem confiança no time, sem poder errar, pensando que o colega do lado pode te entregar, é muito difícil construir um serviço público de qualidade”, ressaltou Carolina.
Diretora executiva da República.org, a economista Helena Wajnman Lima apontou que o futuro do instituto — criado para promover a valorização dos agentes públicos — está diretamente ligado às atuações dos profissionais que trabalham para qualificar o serviço público no país.
“Para nós da República.org, quando a gente fala de futuro do serviço público é muito difícil dissociar do futuro do Brasil e até mesmo da República.org. Um dos pontos que pensamos é que, para o futuro, seria legal se a República.org deixasse de existir, porque a nossa missão é contribuir para que todos os servidores públicos sejam valorizados e qualificados em seus cargos. Ouvindo vocês, servidores públicos, parece que é muito possível”, finalizou.