Encontro abordou papel vital da vocação na melhoria da administração pública e na promoção do bem-estar social
Por Célia Costa, especial para República.org
A importância da vocação no serviço público foi debatida no painel “Profissionais Públicos Vocacionados”, parte da Imersão de Aprendizagem organizada pelo Prêmio Espírito Público para servidores premiados em sua mais recente edição. O evento ocorreu no hotel Pestana Rio Atlântica (RJ) nesta quarta-feira (25).
Para Humberto Falcão Martins, mestre e doutor em administração pública, os concursos públicos deveriam avaliar a vocação dos candidatos. “Atualmente, eles medem apenas o conhecimento técnico das pessoas”, ponderou.
Renato Noguera, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, conduz pesquisas que destacam a necessidade da vocação para exercer funções que beneficiem a população. “Hoje, temos vários exemplos de pessoas vocacionadas aqui. O Prêmio Espírito Público reconhece servidores dedicados a aprimorar a administração pública. Uma pergunta que deve ser feita periodicamente é: ‘qual é o grau de contribuição de cada servidor?'”, afirmou.
Conexão emocional
Noguera também alertou para a importância do servidor público não se distanciar emocionalmente do trabalho, já que isso poderia levar à violência. Ele está envolvido em projetos de pesquisa como “O que as crianças pensam sobre a escola: imagens, palavras e infâncias na Educação Infantil e no Ensino Fundamental” e “Modernidade na perspectiva da Crítica da Razão Negra”. Além disso, coordena o projeto de extensão Brinquedoteca Pedagoginga.
Outra palestrante que abordou a vocação foi Lilia Guerra, auxiliar de enfermagem e escritora. Ela compartilhou sua jornada inspirada por mulheres silenciadas ao seu redor. Em 2014, escreveu “Amor Avenida”, um retrato dessas vidas.
Da periferia à literatura e ao serviço público
Guerra é funcionária no Centro de Testagem e Aconselhamento, uma unidade de saúde da Prefeitura de São Paulo localizada na Zona Leste. Residente de Cidade Tiradentes por mais de duas décadas, ela enfatizou que seu engajamento profissional é impulsionado pela vivência em uma área periférica. Guerra ainda especificou que seu público-alvo são os jovens e adultos dessas comunidades, muitos dos quais participam da Educação de Jovens e Adultos (EJA), experiência que também fez parte de sua própria formação.
Autora do recém-lançado “O Céu para os Bastados”, Guerra é ativa em projetos que promovem a leitura e a escrita. Sua literatura dá voz e rosto a personagens que representam a diversidade do Brasil.