Programação reúne servidores, cineastas, escritores e especialistas em mesas que vão da liberdade de expressão à emergência climática
RIO DE JANEIRO — Entre os dias 10 e 13 de outubro, a Rua Dona Geralda, 25, em Paraty, se torna palco de diálogos e análises sobre o futuro do Brasil. A Casa República, iniciativa das organizações República.org, Matizar Filmes, Samambaia.org e Museu Vassouras, chega à terceira edição na Flip para aproximar o serviço público de novos públicos e criar um ponto de encontro para discutir o impacto do audiovisual e do desenvolvimento econômico na redução de desigualdades.
Com curadoria da jornalista Daniela Pinheiro, a programação reúne servidores públicos, escritores, cineastas e pesquisadores para promover a troca de experiências e fomentar novas perspectivas. “A literatura tem o poder de instigar reflexões e provocar questionamentos, criando um ambiente propício para discussões sobre temas que afetam o cotidiano das pessoas. A gestão pública é um deles, e levar esse debate para um festival literário amplia o alcance para um público que, talvez, não se interessasse tanto pelo assunto em outro contexto”, observa Daniela.
A Casa República promete abordar questões essenciais para os rumos do serviço público e da sociedade brasileira, como os limites da liberdade de expressão em tempos de polarização; as desigualdades no setor público, que comprometem a qualidade dos serviços prestados à população; os desafios tributários e como a carga fiscal pode ser um caminho para combater disparidades sociais; e a crise ambiental, com foco nas queimadas e suas repercussões para o desenvolvimento sustentável do país.
As expectativas para as discussões são altas: “é o nosso terceiro ano com programação paralela na Flip e, como nos anteriores, tenho certeza de que o público vai se surpreender com o nível dos debates na Casa República”, afirma a curadora.
Para Guilherme Coelho, fundador da República.org, estar na Flip reforça a missão do instituto de ampliar o entendimento sobre o papel do serviço público no Brasil. “A Flip é o melhor programa do Brasil por reunir gente interessada em grandes temas, políticos e estéticos. E gente pensando o futuro e, dentro disso, o futuro do Brasil. A República.org está aí para contribuir para uma melhor organização do serviço público brasileiro, e assim contribuir para que a nossa vida seja melhor, com melhores serviços públicos. A Flip é um lugar para termos estas e outras discussões”, comenta.
“A mensagem que queremos dar é: venham para estes e outros debates estruturantes para o nosso futuro. Sem bons governos não há vida boa. Até porque a Flip só acontece uma semana por ano. No resto do ano, é a realidade”, complementa Guilherme, reforçando o convite para que o público se junte aos diálogos propostos pela Casa República.
Discussões sobre políticas públicas e questões sociais
“A caneta e o cargo”, mesa de abertura do evento, no dia 10 de outubro, recebe a professora e pesquisadora Bianca Tavolari e o jornalista e pesquisador Thiago Mio Salla. Eles contam como Graciliano Ramos, em seu papel como prefeito, enfrentou as estruturas de poder com a mesma firmeza que marcou sua obra literária.
No dia 11, o debate “O manual dos inquisidores” traz o escritor e professor Jeferson Tenório e o escritor e cineasta João Paulo Cuenca para discutir a censura no Brasil. A mediação é da jornalista Julia Duailibi. Já a mesa “Não somos iguais”, mediada pela jornalista Ana Clara Costa, confronta as desigualdades no serviço público, com a participação do servidor e economista Bruno Carazza e do diretor administrativo-financeiro da Samambaia.org Rodrigo Candido.
Depois, em “O Quilombo de Manuel Congo”, os jornalistas Mário Magalhães, Marina Lourenço e Tayguara Ribeiro, e o pesquisador Spirito Santo, compartilham as histórias não contadas do quilombo de Manuel Congo — tema do primeiro livro do então jornalista iniciante Carlos Lacerda. O dia termina com uma apresentação do Grupo de Jongo do Quilombo do Campinho da Independência, que mostra a força e o ritmo das tradições culturais.
Um olhar sobre as crises ambientais e tributárias
Na manhã de 12 de outubro, o analista ambiental do ICMBio e escritor Pablo Casella, a jornalista Paulina Chamorro e o professor Bernardo Esteves participam da mesa “Quando tudo arde” para discutir as queimadas no Brasil. À tarde, em “Ele é funcionário”, o romancista Stênio Gardel, servidor do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará, discute com o médico Bruno Barbosa, mestre em Letras, como concilia a carreira de escritor com a vida pública.
O encerramento das discussões fica por conta da mesa “Quem é o pato que paga o pato?”, que convida Daniel Loria, diretor da Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, e Cecília Machado, economista-chefe do Banco BoCom BBM, para reflexões sobre a carga tributária no Brasil, com mediação da jornalista Ana Flor.
Literatura e audiovisual também se encontram na Casa República
Logo em seguida, a mesa “Retratos de uma certa adaptação” coloca lado a lado o escritor e tradutor Milton Hatoum, o diretor Marcelo Gomes, do longa Cinema, Aspirinas e Urubus, e a escritora e jornalista Melina Dalboni para uma conversa sobre as complexidades de adaptar obras literárias para o cinema.
Além das mesas de discussão, a Casa República exibe o filme Retrato de Um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e baseado no livro de Milton Hatoum. A adaptação, que narra a história de uma família de imigrantes libaneses em Manaus, ganha projeção no Cinema da Praça em quatro sessões ao longo do evento.
Programe-se para a Casa República na Flip
• 10 de outubro
16h — Exibição do filme Retrato de Um Certo Oriente no Cinema da Praça
Adaptação para as telas do livro de Milton Hatoum, dirigida por Marcelo Gomes.
19h — A caneta e o cargo
Thiago Mio Salla e Bianca Tavolari discutem Graciliano Ramos, o prefeito.
• 11 de outubro
15h — O manual dos inquisidores
Jeferson Tenório e João Paulo Cuenca compartilham suas experiências de censura com Julia Duailibi.
17h — Não somos iguais
Bruno Carazza e Rodrigo Candido dialogam com Ana Clara Costa sobre desigualdades no Brasil.
19h — O Quilombo de Manuel Congo
Mário Magalhães, Marina Lourenço, Spirito Santo e Tayguara Ribeiro debatem histórias do quilombo de Manuel Congo.
20h — Exibição do filme Retrato de Um Certo Oriente no Cinema da Praça
Adaptação para as telas do livro de Milton Hatoum, dirigida por Marcelo Gomes.
20h30 — Roda de jongo
Apresentação do Grupo de Jongo do Quilombo do Campinho da Independência.
• 12 de outubro
11h — Quando tudo arde
Pablo Casella, Paulina Chamorro e Bernardo Esteves refletem sobre a crise ambiental.
15h — Ele é funcionário
Stênio Gardel fala sobre conciliar literatura e serviço público com Bruno Barbosa.
16h — Exibição do filme Retrato de Um Certo Oriente no Cinema da Praça
Adaptação para as telas do livro de Milton Hatoum, dirigida por Marcelo Gomes.
17h — Quem é o pato que paga o pato?
Daniel Loria e Cecília Machado debatem a carga tributária no Brasil com Ana Flor.
20h — Retratos de uma certa adaptação
Milton Hatoum e Marcelo Gomes conversam com Melina Dalboni sobre a adaptação de obras literárias para o cinema.
• 13 de outubro
14h — Exibição do filme Retrato de Um Certo Oriente no Cinema da Praça
Adaptação para as telas do livro de Milton Hatoum, dirigida por Marcelo Gomes.
Serviço
Casa República na Flip (Feira Literária Internacional de Paraty)
Data: 10 a 13 de outubro.
Local: Rua Dona Geralda, 25, Paraty.
Exibições do filme Retrato de Um Certo Oriente: Cinema da Praça (R. Mal. Deodoro, 3, Centro Histórico).
Entrada gratuita.
Realização: República.org, Matizar Filmes, Samambaia.org e Museu Vassouras.
Acompanhe a cobertura nas redes sociais com a hashtag #CasaRepúblicaNaFlip e participe de debates que vão inspirar novas histórias para o Brasil.