Conceição Evaristo celebra a diversidade e o poder da literatura na Casa República, na Flip

Publicado em: 7 de agosto de 2025

Com fala emocionante, autora destaca o papel da escrita na construção de novas narrativas e na visibilidade das mulheres negras

Por Larissa Guimarães — Especial para a República.org

A escritora Conceição Evaristo levou sua voz potente à Casa República, durante a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), para destacar a força e a diversidade das mulheres negras na sociedade brasileira. Aos 78 anos, a autora mineira, referência da literatura afro-brasileira, emocionou o público ao falar sobre representatividade.

“As mulheres negras são enfermeiras, são médicas, são professoras, são escritoras, são políticas, são cozinheiras, são lavadeiras, são sambistas. E tudo isso a gente faz com muita competência. Então, o lugar que a gente pode ocupar é o lugar diverso, como qualquer outra pessoa branca pode ocupar”, afirmou.

Conceição também refletiu sobre o papel da literatura na transformação de narrativas e na quebra de estigmas que historicamente relegaram mulheres negras a posições de invisibilidade.

“Era para a gente continuar no lugar da subalternidade, mas a literatura nos coloca num outro lugar. A gente ajuda a construir um outro imaginário para as mulheres negras”, disse.

A participação da escritora reforçou o compromisso da Casa República em promover encontros que valorizam a pluralidade de vozes e experiências. Em um país marcado por desigualdades raciais e de gênero, as palavras de Conceição ressoaram com força no público que lotou o evento.

“O texto é um lugar para escapar, inventar uma outra sociedade, inventar uma outra história”, refletiu.

Conceição Evaristo participa da Casa República, na Flip. Foto: Douglas Shineidr.

Mesas destacam literatura afro-brasileira e protagonismo negro

Durante a quarta edição consecutiva na Flip, a Casa República se consolidou como um dos espaços mais plurais do circuito paralelo, reunindo intelectuais, artistas e servidores públicos para debater os desafios e complexidades do Brasil contemporâneo.

Casa também recebe Bernard Appy e Esther Dweck

Na abertura da programação, a ministra Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos) abordou os avanços em direção à transformação do Estado brasileiro.

Outro destaque foi Bernard Appy, secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda. Atuando como uma espécie de timoneiro da Reforma, Appy contou que chegou a coordenar cerca de 300 pessoas em 19 grupos de trabalho. Na conversa, destacou o papel fundamental dos servidores.

“Temos servidores públicos muito bons. Tem que saber respeitar e admirar os servidores”, defendeu.

Secretário no Ministério da Fazenda, Bernard Appy conversa com a jornalista Ana Clara Costa. Douglas Shineidr.

Arte, memória e políticas públicas marcam a programação

Ao longo dos três dias de programação, a Casa República também trouxe debates sobre arte, memória, espiritualidade e violência. A curadoria foi da jornalista Daniela Pinheiro.

O encerramento ficou por conta dos roteiristas Murilo Hauser e Heitor Lorega, do filme Ainda Estou Aqui, em conversa com a autora Manuela Dias, responsável pelo remake da novela Vale Tudo. Com lotação máxima, o público acompanhou a mesa sobre as trajetórias dos convidados da TV ao cinema.

Plateia atenta à programação da Casa República. Foto: Douglas Shineidr.

Evento debate cultura, periferia e política nas ruas de Paraty

Nesta edição, a programação da Casa República extrapolou os muros e ocupou o espaço público. O projeto República nas Ruas, comandado pelo jornalista Chico Regueira, levou bons debates à calçada em frente à casa.

O público pôde acompanhar conversas animadas com convidados como a cantora e compositora Adriana Calcanhotto, o historiador Luiz Antonio Simas, a atriz e escritora Maria Ribeiro, o escritor Jessé Andarilho e a artista Káliman Chiappini.

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