Projeto usa a criatividade artística para tornar o setor mais dinâmico, inclusivo e comprometido com o bem-estar social
A Residência Artística Setor Público (RASP) é uma iniciativa pioneira no Brasil, que conecta artistas visuais com servidores públicos. Criada pela República.org, em parceria com o Instituto Betty & Jacob Lafer e a produtora Automatica, a RASP promove um diálogo inovador entre arte e administração pública, com o objetivo de transformar e enriquecer o ambiente governamental.
O projeto utiliza a arte como ferramenta para desafiar a visão tradicional de um serviço público distante e burocrático — e mostra que a criatividade e a inovação podem florescer nas repartições públicas.
Durante 18 meses, os artistas imergem em órgãos públicos e colaboram diretamente com servidores para desenvolver projetos que ressignificam o papel da arte no cotidiano administrativo. Esse processo valoriza e qualifica os profissionais que atuam no governo, além de contribuir para a construção de um Estado mais efetivo e democrático, que verdadeiramente represente e sirva a todos os cidadãos.
Arte como agente de mudança cultural
A RASP acredita no poder transformador da arte para modificar percepções e desafiar normas. No serviço público, isso se traduz na quebra de estereótipos, na criação de novas narrativas e na promoção de uma cultura que reconhece e valoriza os servidores.
O projeto inspira uma gestão pública mais humana e comprometida, o que beneficia tanto os servidores quanto a sociedade. Os artistas envolvidos ajudam a fortalecer conexões entre o governo e os cidadãos, a fim de promover transparência, engajamento e confiança no serviço público.
Desde a primeira edição, iniciada em 2018, a RASP já gerou importantes resultados. Artistas renomados, como Cadu, Tatiana Altberg, Daniel Lima, Anna Costa e Silva, Rafa Éis e Eleonora Fabião, desenvolveram projetos que impactaram positivamente diferentes órgãos públicos e seus servidores.
Conheça os artistas e suas contribuições ao serviço público
Cadu (Carlos Eduardo Galvão)
Residência: Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro.
Período: 2018 a 2019.
Proposta: Com vasta experiência em artes visuais, Cadu desenvolveu o projeto “Mínimo”, um kit de objetos que estimulou a criação de dramaturgias nas escolas municipais. Além disso, ajudou a implementar a plataforma online “Festejo”, que conectou grupos de teatro escolar.
Tatiana Altberg
Residência: Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro.
Período: 2018 a 2019.
Proposta: Especialista em design e fotografia, Tatiana colaborou com a equipe da Subsecretaria de Educação, Valorização e Prevenção, onde criou um projeto que utilizou fotografia e textos para revelar as subjetividades dos servidores. O objetivo foi construir um ambiente de empatia e autoconhecimento na instituição.
Daniel Lima
Residência: 2ª Vara Especial da Infância e da Juventude, Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Período: 2019 a 2020.
Proposta: Artista e pesquisador com focado em questões raciais e sociais, Daniel desenvolveu uma cartografia do sistema jurídico relacionado à infância e juventude. O trabalho englobou a criação de materiais pedagógicos que facilitaram a compreensão de processos judiciais para funcionários e familiares de jovens infratores, além da produção de um podcast e de vídeos temáticos.
Anna Costa e Silva
Residência: Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro.
Período: 2021 a 2022.
Proposta: Anna, que atua nas artes visuais e performáticas, criou o projeto “Brechas Afetivas”, voltado a encontros intimistas com servidores da Secretaria. Nesses encontros, os servidores compartilharam objetos pessoais e histórias, formando um acervo de memórias e emoções que fortaleceu os laços afetivos no ambiente de trabalho.
Rafa Éis
Residência: Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro.
Período: 2021 a 2022.
Proposta: Artista e educador, Rafa colaborou com Anna Costa e Silva no desenvolvimento do “SECRIA”, espaço artístico e colaborativo implantado na Secretaria. Ele também criou retratos desenhados dos servidores como um meio de aproximação e diálogo, e participou do projeto “Formas de Respirar”, que integrou práticas artísticas e cuidados com a saúde mental.
Eleonora Fabião
Residência: Fundação João Goulart, Rio de Janeiro.
Período: 2023 a 2024.
Proposta: Eleonora, performer e teórica da performance, apresentou o projeto “T R A M A”, que reuniu servidores de diversas áreas e instituições públicas para debater e imaginar propostas de melhoria para o serviço público. Os encontros ocorreram em locais artísticos e culturais, como a quadra da escola de samba Estação Primeira de Mangueira e o Museu de Arte do Rio. Como resultado, foram elaboradas 19 propostas para a gestão pública.