Esther Dweck leva à Flip debate sobre transformação do Estado e valorização do serviço público

Publicado em: 2 de agosto de 2025

Ministra defende Reforma Administrativa com foco em melhoria dos serviços e critica desigualdades como os supersalários

Por Larissa Guimarães — Especial para a República.org

A ministra Esther Dweck foi a responsável por abrir o primeiro dia da Casa República na Flip (Festa Literária Internacional de Paraty). Em sua participação, abordou um dos temas centrais em discussão no Brasil: a Reforma Administrativa — ou, como prefere definir, a transformação do Estado. Dweck detalhou a articulação conduzida pelo governo junto ao Grupo de Trabalho da Câmara dos Deputados e destacou a contribuição do Ministério da Gestão e da Inovação (MGI), que apresentou propostas para o debate legislativo.

“Um dos ganhos do GT da Reforma Administrativa foi a mudança da lógica de redução do Estado. O debate saiu da lógica punitivista, saiu da lógica de olhar o Estado como um problema, e passou a olhar o contrário: melhorar o Estado é algo necessário para transformar a vida das pessoas”, afirmou na última quinta-feira (31/7), durante a mesa O Estado das Coisas, que contou também com a jornalista Clara Becker (Redes Cordiais) e o diretor da República.org Rodrigo Candido.

Ainda no campo dos grandes temas em discussão no país, a ministra chamou a atenção para o que classificou como “uma desigualdade muito grande dentro do próprio serviço público”, ao se referir aos chamados supersaláriosremunerações que ultrapassam o teto constitucional, atualmente equivalente ao salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal. “Tem temas como supersalários, de fato, não são simples para resolver em um mês. É uma questão que demanda muita discussão”, disse.

A ministra Esther Dweck e o diretor da República.org Rodrigo Candido durante a Casa República, na Flip. Foto: Douglas Shineidr.

Segundo a ministra, outro ponto que deverá ser bastante debatido no segundo semestre de 2025 é a contratação de servidores temporários, que teve crescimento nos últimos anos. Para ela, é preciso haver uma entrada mais frequente de profissionais por meio de concursos públicos.

Reforma Administrativa e transformação do Estado estão no centro do debate

Na Casa República, a ministra também defendeu que é preciso reestruturar o Estado para garantir respostas mais rápidas à população. Ela explicou que o governo organizou sua atuação em três áreas principais: Reforma Administrativa, transformação digital e gestão de pessoas.

Dweck ressaltou, além disso, a importância do serviço público no país, lembrando que a maioria dos servidores são pessoas que estão à frente de entregas essenciais para a população brasileira, como saúde e educação. “Sempre quis ser servidora pública. Sempre quis ser professora, me tornei professora. Estou ministra, mas sou professora”, relatou.

Dweck é professora associada do Instituto de Economia da UFRJ. Foto: Douglas Shineidr.

Supersalários no serviço público exigem debate estruturado, diz ministra

Na mesa, Dweck criticou a desigualdade interna no setor público e mencionou os supersalários como um dos principais desafios. Para ela, embora o tema seja complexo, precisa continuar em pauta: “é uma questão que demanda muita discussão”.

Gestão de desempenho no serviço público passa por reformulação

Já sobre o programa de gestão de desempenho, a ministra explicou que a iniciativa passou por uma reformulação significativa. Antes, o foco recaía excessivamente sobre tarefas como horas de reunião, produção de relatórios e elaboração de notas técnicas. Com as mudanças implementadas, a lógica do sistema foi transformada: o plano de trabalho passou a ser associado às entregas efetivas, sem adotar uma perspectiva punitivista.

Tem temas como supersalários, de fato, não são simples para resolver em um mês. É uma questão que demanda muita discussão.

Esther Dweck, ministra da Gestão e da Inovação

Dweck reconheceu que o processo de capacitação de gestores e equipes é desafiador, mas essencial para consolidar a nova abordagem. De acordo com ela, a avaliação de desempenho não está atrelada à remuneração, funcionando como instrumento de valorização e progressão dos servidores.

“A gente quer que todo mundo tenha sua progressão atrelada à avaliação de desempenho”, apontou. “Se a pessoa for bem, ela tem que poder progredir. Tem que ser um estímulo para ela, e não gerar competição. Tem que haver cooperação entre os servidores. Quanto menos punitivista for o modelo, mais fácil é implementar uma boa gestão de desempenho.”

Com casa cheia, a mesa “O Estado das Coisas” também recebeu a jornalista Clara Becker, do Redes Cordiais. Foto: Douglas Shineidr.

Concurso Nacional Unificado busca mais diversidade no funcionalismo

Ao comentar sobre o Concurso Nacional Unificado (CNU), Dweck ressaltou que o governo buscou aplicar provas que fogem do modelo tradicional baseado na memorização excessiva. “O CNU veio para aumentar a diversidade regional, aumentar a diversidade no serviço público. As pessoas não precisam nascer com vocação, mas podem ser formadas. E você pode usar o período do estágio probatório para despertar nelas essa vocação”, afirmou.

Logo após o debate, a ministra participou do lançamento do livro República em Notas — Vol. 2, da editora Cobogó, com a presença de Ana Pessanha, uma das organizadoras da obra.

Este é o quarto ano consecutivo da Casa República na Flip.

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