Artigo Luiza Mello
Desde 2018 tenho pensado em respostas para essa pergunta.
Não que seja possível encontrar uma ou duas respostas objetivas para o tema.
Pelo contrário, nesse caso é importante dar lugar a experimentação, ao desconhecido, aos erros e aos aprendizados que se sobrepõe a cada experiência.
É importante que as respostas sempre mudem.
As relações entre arte e serviço público se constroem pouco a pouco e podem ter muitos formatos. Servidoras e artistas se conhecem, encontram diferenças e pontos em comum, frestas por onde uma pode olhar para o universo da outra de maneiras não convencionais e, a partir desses olhares, criam algo coletivamente.
Parcerias supõem trocas, confiança, responsabilidades, riscos e reconhecimentos.
Foto EPA
As parcerias estabelecidas entre artistas e servidoras na Residência Artística Setor Público, têm sido surpreendentemente positivas e mutuamente benéficas: para as servidoras que experimentam propostas inusitadas que as levam a refletir sobre o dia a dia em seus locais de trabalho, em suas relações com as colegas, com seus afazeres, com seu tempo e; para as artistas que vivem a experiência de conhecer mais profundamente instituições públicas e suas funcionárias, de ampliarem seu diálogo com a sociedade e somarem-se a processos de mudanças sociais.
A arte pode ser uma poderosa ferramenta de mudanças de comportamento, ela nos convida a pensar nas nossas escolhas, nas nossas vidas e nos propõe novas possibilidades de solucionar problemas. Ao mesmo tempo, nos convida a olhar o mundo com outros olhares.
Ao construir processos criativos com os servidores, o artista abre janelas que mostram paisagens muito diferentes. As aventuras da arte com o serviço público acontecem nos passeios que eles podem fazer juntos por essas paisagens. Os caminhos nunca serão iguais e certamente os levarão para lugares desconhecidos. O encontro pode gerar mudanças significativas, mobilizar afetos, favorecer a conexão e a transformação do significado do trabalho dos dois.
Luiza Mello
Luiza Mello é produtora e curadora, formada em História e História da Arte com pós-graduação em História da Arte e Arquitetura do Brasil.
Desde 2000, atua como produtora executiva de exposições de arte contemporânea. Em 2006 funda a produtora Automatica e desde então atua como coordenadora de projetos e diretora geral da empresa. Em 2011 funda a Automatica Edições com Marisa Mello e trabalha como editora de livros de arte.
Em 2018 iniciou a parceria com o Republica.org na realização da Residência Artística Setor Público. No mesmo ano, foi curadora das exposições Dreaming Awake no Marres, House for Contemporary Culture, em Maastricht, Holanda; Mufa Caos, do artista Barrão, no Jacarandá, Rio de Janeiro e Perpectives on Contemporary Brazilian Art, na Art Berlin, Alemanha.
Em 2020 foi curadora da exposição Travessias 6 – Colaborações. Desde 2011 a Automatica é parceira do Observatório de Favelas no Galpão Bela Maré.
Para saber mais sobre os projetos da Automatica: www.automatica.art.br
*Este artigo reflete a opinião da autora e não as ideias ou opiniões da República.org.