Especialistas revelaram estatísticas preocupantes e desafios persistentes na luta contra o preconceito e pela saúde mental no setor

Por Célia Costa, especial para República.org

As pesquisadoras Dayse Miranda, Dayana Rosa, Mairla Protazio e Chenya Coutinho. Foto: Douglas Shineidr.

O painel “Saúde Mental dos Servidores Públicos”, parte da Imersão de Aprendizagem do Prêmio Espírito Público (PEP), destacou a necessidade de trabalhar a prevenção, percepção e tratamento da saúde mental dos servidores públicos.

Durante o evento, realizado nesta quarta-feira (25) no hotel Pestana Rio Atlântica (RJ), especialistas e estudiosos revelaram como o tema permanece um tabu entre os gestores públicos.

A socióloga Dayse Miranda, especialista em segurança pública, apresentou dados alarmantes, que ilustraram as dificuldades enfrentadas por esses profissionais. Um estudo indicou que no Rio de Janeiro mais policiais morrem por suicídio do que em confrontos.

Escassez de dados

“Apesar disso, o cenário ainda é de pouca informação”, lamentou Dayse ao abordar as dificuldades de coletar dados sobre os agentes de segurança. “Estamos longe de encontrar soluções para os problemas de saúde mental desses servidores, devido ao persistente preconceito. A ciência enfrenta desafios diante da realidade de que não querem o seu trabalho.”

Pesquisadora e professora especializada em saúde mental, violência e políticas públicas, ela é presidente do Instituto de Pesquisa, Prevenção e Estudos em Suicídio (IPPES) e coordena o Grupo de Estudos em Saúde Mental, Violência(s) e Segurança Pública.

A socióloga e professora Dayse Miranda comanda o IPPES. Foto: Douglas Shineidr.

“É sempre bom ressaltar que a segurança mental desses profissionais implica na segurança da população”, alertou Dayse para os vencedores do PEP.

A psicóloga Mairla Protazio, mediadora do painel, também destacou a persistência do tabu sobre saúde mental no serviço público. Mestre em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ela abordou o impacto dos serviços de saúde na vida das pessoas. “Nosso trabalho consiste em informar e promover ações”, avaliou.

Mudança de mentalidade

Para a enfermeira Chenya Coutinho, servidora pública de Aracaju (CE), a saúde mental é um tema-chave no processo de valorização do servidor público. Especialista em saúde mental e atenção psicossocial, Chenya implantou o serviço de plantão psicológico remoto, uma iniciativa que forneceu apoio psicológico e orientação para a população aracajuana, especialmente durante a pandemia de Covid-19.

“Devemos considerar não apenas as soluções, mas também o processo de adoecimento e as estratégias de enfrentamento. Iniciamos um serviço de apoio psicológico para os servidores durante a pandemia, que posteriormente foi expandido para toda a população”, explicou.

Dayana Rosa, doutora em saúde coletiva e graduada em administração pública, apresentou resultados de sua pesquisa sobre a promoção da cultura do cuidado e do acolhimento.

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