Ferramentas inéditas fazem diagnóstico preciso da gestão de pessoas na administração pública

Publicado em: 23 de junho de 2025

Desenvolvidas pela República.org, elas ajudam os estados a usar dados para qualificar a gestão de pessoas e aprimorar os serviços públicos

Por Célia Costa — Especial para República.org

Para que os estados possam mensurar a qualidade da gestão de pessoas em suas administrações, a República.org criou duas ferramentas inéditas que apresentam diagnósticos eficazes do que está funcionando e do que precisa ser aprimorado na administração pública.

O Panorama de Gestão de Pessoas (PGP) é uma ferramenta de gestão que apresenta diagnósticos e orientações para gestores públicos interessados em fortalecer os processos de gestão de pessoas e, consequentemente, a entrega de serviços para a população.

Já o Índice de Qualidade da Burocracia (IQB) mede a qualidade do serviço público, que começa pela qualificação dos servidores. O IQB funciona como um suporte estratégico para gestores, ao oferecer análises sobre o grau de autonomia e profissionalização dos servidores e sobre os resultados das políticas de gestão de pessoas. O IQB complementa o PGP ao incorporar a percepção dos próprios servidores sobre essas políticas.

O Panorama de Gestão de Pessoas avalia as políticas de gestão de pessoas em cinco dimensões: carreiras, seleção e ingresso, gestão de desempenho, gestão de desenvolvimento e qualidade de vida no trabalho. O Espírito Santo (ES) é um dos estados que aplicaram as ferramentas.

Espírito Santo avança na modernização das carreiras públicas

Sobre a dimensão que trata das carreiras, o diagnóstico aponta o Espírito Santo como avançado nesse tema devido às recentes mudanças na estrutura de carreira.

O estado extinguiu diversas carreiras obsoletas e organizou as tabelas salariais, sem grandes desigualdades entre as carreiras setoriais (grupos de cargos públicos relacionados por áreas de atuação na administração pública).

Também é apontada pelo diagnóstico a organização das carreiras setoriais, como as da área de segurança (que inclui policiais, bombeiros, vigilância e Defesa Civil), com estruturas salariais mais equilibradas.

Além disso, o Espírito Santo avançou na valorização das chamadas carreiras transversais de gestão, compostas por cargos que podem ser exercidos em diferentes órgãos públicos, sem estarem vinculados a uma área específica.

Diagnóstico ajuda gestores a definir planejamento

Ambas as ferramentas fornecem elementos para que gestores públicos construam um planejamento estratégico voltado à gestão de pessoas e consigam partir para planos de ação com recomendações estruturadas, sem necessidade de um trabalho prévio de mapeamento — já feito pelas ferramentas. Elas também podem ser reaplicadas ao longo do tempo para verificar os avanços obtidos e realizar correções de rota.

“Com esse diagnóstico em mãos, o gestor tem uma visão ampla do tema para definir um planejamento estratégico em recursos humanos. Há recomendações de diferentes níveis de complexidade: algumas são simples; outras, mais estruturais, exigem mudanças legais. É realmente um panorama para quem quer compreender a área”, explica Ana Pessanha, especialista em Conhecimento da República.org e uma das responsáveis pela implementação das ferramentas.

É possível obter um panorama sobre todos os concursos públicos ocorridos nos últimos quatro anos, além de informações sobre planejamento, governança, execução e gestão. Também são analisadas a estruturação das carreiras, a aderência das políticas de desempenho e desenvolvimento ao planejamento estratégico dos órgãos, bem como políticas de qualidade de vida no trabalho e combate ao assédio. Há ainda recomendações para avançar a partir do que o estado já possui.

“Todos os itens analisados em ambas as ferramentas têm pressupostos técnicos, com base na visão da academia, de especialistas e de gestores públicos que contribuíram para a construção da metodologia”, avalia Paula Frias, coordenadora de Dados da República.org, também responsável pela implementação das ferramentas.

Minas Gerais fortalece concursos com planejamento e metodologia

Na dimensão de seleção e ingresso, o estado de Minas Gerais se sobressai graças à existência de metodologias centralizadas de Dimensionamento da Força de Trabalho (DFT), com 31% dos pedidos de concursos parcialmente justificados por essa metodologia.

“Ter uma justificativa bem fundamentada em metodologia de DFT garante que houve planejamento sobre a quantidade de pessoas necessárias para executar o trabalho de um órgão de forma eficiente”, afirma Pessanha.

O diagnóstico aponta que o bom resultado observado nesta dimensão se deve à relativa centralização da participação da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) na condução estratégica dos concursos públicos.

Esta matéria faz parte de uma série especial da República.org sobre gestão de pessoas no serviço público. A iniciativa destaca como valorizar os servidores públicos fortalece a capacidade do Estado de atender às necessidades da população.

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