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Questão de gênero: Indicadores de saúde mental são piores para meninas do que para meninos
3 Fatores de risco à saúde mental das meninas
Políticas públicas para a saúde mental das meninas
A adolescência é uma fase de transformações biológicas, psicológicas e sociais intensas e representa um período crucial – e de maior vulnerabilidade – no desenvolvimento de cada indivíduo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que aproximadamente metade das condições de saúde mental se inicia até os 14 anos e 75%, até os 24 anos. E o recorte de gênero, assim como acontece para as mulheres adultas, desponta como um fenômeno que traz riscos significativos para a saúde mental desde a juventude.
A intersecção destas dimensões indica um grupo de pessoas que demanda maior cuidado e atenção: as meninas. Mas, afinal, qual a autopercepção de saúde mental entre meninas adolescentes, quais fatores de risco específicos elas enfrentam e o que fazer para tirá-las da invisibilidade? Leia mais abaixo e esteja atento aos sinais.
Questão de gênero: Indicadores de saúde mental são piores para meninas do que para meninos
Diversas pesquisas demonstram maior prevalência de depressão e transtornos de ansiedade em mulheres do que em homens. E esse cenário de desigualdade entre os gêneros se desenha desde a adolescência, como aponta a edição mais recente da Pesquisa Nacional de Saúde dos Escolares (PeNSE), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com o apoio do Ministério da Educação (MEC).
Entre os dados mais alarmantes, o levantamento apontou que 29% das meninas entre 13 e 15 anos fizeram uma autoavaliação negativa da própria saúde mental – em comparação a 8,6% dos meninos na mesma faixa etária.
Também é relevante nos atentarmos ao quanto assuntos cotidianos impactam e preocupam os adolescentes – mas, novamente, as meninas são afetadas em maior proporção (59,5%).
3 Fatores de risco à saúde mental das meninas
Estigma e falta de acesso à informação e serviços de saúde mental dificultam o diagnóstico e tratamento adequado na faixa etária mais jovem. Para as meninas, essa etapa pode ser marcada por riscos e desafios específicos, que se apresentam como fatores de risco:
1. Discriminação de gênero: estereótipos e expectativas sociais sobre o papel da mulher podem gerar sofrimento e baixa autoestima; |
2. Pressões estéticas: a busca por um corpo “perfeito”, muitas vezes inatingível, pode levar à insatisfação com a própria imagem e distúrbios alimentares; |
3. Violência: física, sexual ou psicológica, aumenta significativamente o risco de problemas de saúde mental. |
Tais aspectos reforçam a importância da implementação de políticas públicas com medidas concretas para meninas adolescentes.
Políticas públicas para a saúde mental das meninas
Em um levantamento até junho de 2023, nós, do Instituto Cactus, constatamos que nenhum dos quase 450 projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional que tratam de saúde mental é voltado especificamente para saúde mental de meninas. Essa lacuna nas políticas públicas contribui para a invisibilidade desse grupo e dificulta o acesso a cuidados adequados às suas necessidades.
Entre as ações necessárias, destacamos medidas emergenciais e questões mais amplas e estruturais, como:
▷ Combate à violência de gênero;
▷ Campanhas de conscientização sobre saúde sexual e gravidez na adolescência;
▷ Um ambiente digital mais seguro;
▷ Geração de boletins epidemiológicos sobre saúde mental de meninas;
▷ Incorporação da perspectiva de gênero em todas as políticas de gênero, infância e adolescência;
▷ Empoderamento de jovens lideranças femininas;
▷ Maior participação feminina nos espaços de tomada de decisão.
O cenário apresentado acima ajuda a explicar por que a saúde mental de mulheres e adolescentes é prioridade para nossas ações no Instituto Cactus. Somente a partir de ações abrangentes e interseccionais, que considerem as especificidades das condições de vida de meninas adolescentes, poderemos retirá-las da invisibilidade, garantindo seu acesso à saúde mental de qualidade e construindo, como sociedade, um futuro mais promissor para essa geração.
Para aprofundar o tema, recomendamos a leitura de nossa cartilha com 10 recomendações de políticas públicas para promover a saúde mental de meninas e mulheres.
A nota é de responsabilidade do autor e não traduz necessariamente a opinião da República.org nem das instituições às quais ele está vinculado.